31/01/2011


“Amor além do que nossos olhos podem ver, além do que a ignorância pode explicar, amor cuja natureza é divina e generosa”.

Danilo Carias






Relações,

O coração bate acelerado e todo mundo já sabe o que vem por aí... Assim é a sensação de quem diz estar apaixonado. Gostaria de entender a razão pela qual as pessoas sentem a “paixão”.

Seria um desdobramento do amor ou o amor é o estágio em que esse estado de espírito ganha maior proporção? Não sei responder, o fato é simples, não me atreveria a tanto. Deixemos de lado as definições e vamos ao campo do surgimento das estórias.

Toda paixão cria um roteiro, que certamente inebria os olhos do narrador participante, onde o personagem se mostra encantado pelas reações bioquímicas e psíquicas que esta sensação provoca.

Um olhar, um toque, um sorriso singelo são capazes de ganhar a mais eloqüente e visceral narrativa. A paixão que conhecemos é resultado das experiências que nossa alma necessita para se aproximar de outra.

Acompanhei ao longo da vida belíssimas paixões e infelizmente finais não tão belos assim. A paixão sempre se contrapõe a sua maior rival, a desilusão.

Apaixonar-se é o mesmo que entregar-se, em tese nossa cultura nos ensina a partilhar com as pessoas ao nosso lado, aquilo que primamos ser necessário para alcançar a felicidade. Isso, em outras palavras, nos coloca em risco com nossa zona de conforto e ainda com nossa estabilidade emocional.

Os riscos são claros, entretanto, ninguém os leva em conta quando se sente o “tururu”. Homens e mulheres, em suas aventuras passionais, declaram não entender o sentido do “ser racional” quando está em jogo à sensação de querer outra pessoa.

Nesse momento há o que se chama de jogos do amor. Uma pessoa busca perceber no outro aquilo que somente as palavras e gestos não são capazes de dizer. Há uma linha muito tênue entre os jogos sadios e a loucura insana.

A paixão e a loucura são irmãs gêmeas de essências bem distintas, uma busca a felicidade e a emoção, a outra é fruto de uma busca insensata que acaba por si só deletando as chances de se encontrar  com seu objetivo, o reconhecimento.

Amores Platônicos e Paixões Adormecidas são a razão da mais voraz mazela que nos afeta, a solidão. Essa é a dura pena de não conseguir superar a falta de alguém a quem se associa a felicidade.

É fácil constatar isso, basta andar nas ruas a noite e perceber quantas luzes estão acesas e ainda quantas pessoas ouvem música sozinhas, talvez esse seja o segredo do sucesso dos programas de rádio, que tocam música romântica nas altas horas da noite.

Uma música, um cheiro, uma paisagem, uma frase... Estímulos não faltam para trazer à tona a lembrança de alguém. Duro é saber muitas vezes que a vida continua e que a sobriedade é fruto da superação de um sentimento cuja razão não parece surtir efeito.

Apaixonar-se me parece ainda ilógico, talvez por isso eu não saiba o verdadeiro sentido de ter alguém ao lado para escrever poesias e sorrir de coisas que aparentemente não me fariam rir. Talvez eu precise mesmo é me desligar do mundo racional...

Aos apaixonados declaro a minha furtiva reflexão...















27/01/2011

Nostalgia,

Nossa mente é um baú, cujo acervo seletivo, conta nossa trajetória e o misto das sensações que somos capazes de eternizar. Boas ou más, as recordações remontam aos poucos os nossos segredos e nossos anseios.

Nossa infância sempre nos remete aos momentos dos quais sentimos saudade, sobretudo os de lazer e entretenimento. Os desenhos animados, as roupas e as brincadeiras sempre serviram como referência para uma geração.

Falando nisso...

Lembro das histórias que as pessoas contavam, onde nem tudo eram flores. Trechos onde a voz dos mais velhos sussurrava para falar de certos fatos.

Há práticas que não conseguia entender, embora para a época as pessoas achassem normais. Hoje, com o entendimento sobre a complexa arrumação de social do Brasil, nos ajuda a elucidar certos fatos.

Ainda pequeno, tinha a curiosidade de saber por que um homem que tinha a idade de ser pai de uma menina poderia fazer dela sua esposa. O fato era comum, embora os homens mais velhos fossem viúvos e com filhas da idade da menina que ela pegava para “criar”.

Por ser muito jovem, não entendia bem o assunto, o que hoje já tratamos como violação de direitos, legitimado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. A “bondade” escondia na verdade um desejo mais que fraternal, fazia com que meninas amadurecessem de maneira precoce, transformando-as em mães, donas de casa e “mulheres” sem que a elas fosse dada a escolha.

Por sermos conservadores, heteronomativos e ainda paternalistas, sempre acreditamos que o eixo de controle do bem-estar é papel do homem, senhor da verdade e provedor da vida. Por traz dessa cortina de ilusão, nossas jovens cresciam sem o conhecimento e a liberdade para desenvolver uma identidade feminina, que pudesse dialogar de igual para igual.

Os mitos e preconceitos, sempre funcionaram como ferramentas para a coerção das pessoas, é comum exaltar a uns e diminuir a outros. Sobre essa plêiade estão às relações sexistas, pautadas na superioridade de um gênero sobre o outro, inclusive como instrumento cerceador, instrumentalizador da cultura de violência.

É fácil perceber essa estrutura quando na história das civilizações antigas, se percebe o personagem feminino sempre narrado como detentor da maldade e cujo papel era iludir o homem. A princípio Dalila, Cleópatra e tantas outras... O que dizer das Mulheres de Athenas?

O fruto do pecado, a maçã, até hoje exaltada como fruto da perdição, foi comida e oferecida por quem? Ah! É pedir demais de um personagem feito de uma costela.

Fico feliz em saber que todos os homens e mulheres nascem livres, embora a verdade que cada cultura professa logo possa lhe cecear esse direito supostamente universal, declarado inclusive como humano.

Em plena revolução e reorganização da vida no globo terrestre, os papéis sociais, principalmente os que se baseiam na equidade de gênero, se apresentam como um desafio para realinhar o discurso e as práticas acerca do poder produtivo que nos rege. Está em questão a hegemonia pelo poder.

A princípio a história da humanidade é contabilizada a partir das grandes guerras, grandes acontecimentos históricos que justificaram o progresso de uma espécie que se autodestrói aos poucos. Se misturássemos ao longo dos séculos todo o sangue derramado as águas do mar, certamente teríamos um mar “encarnado”.

Gostaria que Lavoisier pudesse nos definir como fez com o “nada se cria tudo se transforma”. Nossas práticas foram criadas e mantidas por muitas gerações.

A verdadeira evolução está em dar um novo sentido ao progresso humano, o consumo e os bens materiais e a ânsia pelo poder nos tornou distantes dos princípios naturais. Não precisamos de um gênero soberano, mas, de gêneros (não genéricos, mas, generosos).

Anomia,

Todos os dias milhares de pessoas caminham apressadas mundo a fora, a rotina frenética da vida social nos grandes centros urbanos. Recife, a Veneza Brasileira, vê essa cena na Avenida Conde da Boa Vista, por onde passam os trabalhadores e mantenedores da produção do estado que mais cresce no Brasil.

Curioso por natureza gostaria de saber o nome de cada um daqueles que passam por mim. Cada rosto que cruza meu caminho parece denunciar um sonho esquecido, uma mágoa guardada, uma lágrima ressecada pelo tempo.

Do terceiro andar de um prédio que freqüento nesta avenida, sempre paro, reflito sobre como seria o mundo a minha volta se as pessoas pudessem sorrir mais. Um idealismo utópico, que me inspira a continuar acreditando na evolução humana e em seu senso moral.

Gostaria de ter acesso a cada sonho, imagino se existisse um Papai Noel ou uma Fada dos Desejos, eu os seria por um dia. Recordo-me de uma atividade, no ginásio... A professora nos deu como tema de redação: “com o que você acabaria para tornar a vida mais feliz no mundo”.

A palavra chave que me motivou a escrever foi “riqueza”, sabia pouco sobre a história do capitalismo, mas, sabia que a pobreza era um paradoxo desta praga, gerada pelo ego humano. Sabia o poder destrutivo de um tênis americano sobre uma sandália de dedo fabricada a duas ruas da minha casa.

O que era claro na minha mente, ainda jovem e despretensiosa, era o poder de argumentação que possuía o inventor dos objetos que vendiam nas grandes lojas, as lojas em que eu não podia comprar. História de uma criança humilde da periferia que cresceu ouvindo que o dinheiro do meu pai não dava para comprar.

Minha primeira desilusão foi saber que as pessoas na televisão não viam quem estava do outro lado. Foram sucessivas as desilusões, é duro crescer ouvindo que o mundo sobrevive da mentira e dos sonhos alheios.

De certo modo, cresci sabendo que o conhecimento diferenciava as pessoas, isso me mostrava que além do dinheiro existia uma forma de se fazer notar no meio de milhões de pessoas. Meu passatempo passou a ser estudar, também minha única forma de saber o que a TV não mostrava.

Eu sabia que alguém inventava coisas, que elas estudavam para ser inteligentes e falar bem, quem falava bem era respeitado, era o que eu queria.

Meu primeiro livro foi “O Pequeno Príncipe”, ganhei de uma tia que comprou no SEBO, em frente à parada de ônibus, vindo do trabalho. Não sei o porquê, mas, me fascinei pela conversa do menino com a raposa.

Hoje, depois de entender algumas coisas sobre a vida, consigo entender que a frase clichê: “O Brasil precisa de educação” é na verdade a grande sacada de quem deseja ver a verdadeira revolução. Acredito que a evolução é fruto antes de tudo do amadurecimento e ampliação de nosso universo particular.

Defendo que cada pessoa possa ser reconhecida por sua contribuição ao bem-estar coletivo, independente de sua formação intelectual, no Brasil, sobretudo, varrer a rua ou catar papelão é ter seu nome nas pesquisas que justificam a eterna luta entre as classes sociais.

De um lado os donos da verdade, do outro os sem argumento. Preocupa-me saber que nossa Pátria Mãe Gentil não sabe o nome dos seus filhos, pior ainda é negar-lhes o direito de saber a riqueza que lhes é de direito. A cultura é o maior patrimônio de um povo.

“Se o pobrema fôce nois saber escrever ou lê era bom. O probema é nois nem sabê o que é pobrema, na nossa vida tudo é crisi. Niguem podi sonhá pus quê ninguém dormi, só trabaia...”

Afirmação,

O pensamento de Shakespeare nos coloca diante de um dilema moral “ser ou não ser”. Pergunto-me, quantas pessoas neste instante são provocadas a “ser” ou “responder” a uma pergunta que as expõe ao mundo, me refiro à identidade sexual de cada homem ou mulher.

Eu os apresento ao mundo da normatividade (normal = aquele que segue as normas). Certamente eu sou normal e anormal ao mesmo tempo, busco seguir as regras, mas o jeitinho brasileiro me coloca no campo da anormalidade, há sempre um modo de burlar a norma, típico de nossa cultura.

Há bem pouco tempo, normal era ver uma briga de casal e achar comum que a mulher apanhasse em silêncio, foi preciso uma mulher ser vitimada e lutar para tornar público o direito das mulheres serem protegidas pelo estado (Lei Maria da Penha).

Normal ainda é ver meninos e meninas sendo explorados cada vez mais cedo nas estradas brasileiras sem que o senso comum se posicione, o problema social é de alguém, mas que ninguém se preocupa em saber quem é. A bola da vez é ver cenas de agressão contra homossexuais na TV.

Como conter o julgamento alheio? Vejo nas ruas o comentário sobre um rapaz que fez uma cirurgia e virou mulher, “uma aberração da natureza”, ”deus castiga”, ”era pra ser prezo” quando o fato entra na caixinha da verdade (a TV) o caso ganha mais repercussão.

Não pude deixar de notar a estranheza com que a sociedade brasileira ainda trata a identidade sexual das pessoas como um tema novo, de fato um tabu social. Não é de hoje que a polêmica é abordada, as maiores instituições sociais, sobretudo as de caráter religioso demonstram grande repulsão.

Há uma década, o mundo concebia a sexualidade em: heterossexualidade e homossexualismo (sufixo que faz referência a patologia). Graças ao esforço de pesquisadores o homossexualismo se transformou em homossexualidade.

O problema ainda não havia sido resolvido, nascia nesse momento à preocupação de tratar as divisões que a conduta “anormal” dos homossexuais trouxe à tona. Travestis, bissexuais, gays, lésbicas eram reduzidos a esta mesma referência e os avanços da medicina possibilitaram ainda o surgimento da transexual idade.

Como tratar na ótica do direito a questão da orientação sexual de cada individual sem violar a opinião arbitrária do senso comum? Desafio que os especialistas em políticas públicas ainda precisam compreender.

De fato a complexidade dos paradigmas da sexualidade humana ainda irão se apoiar no pensamento Freudiano para tentar justificar as multifaces desse tema, entretanto a violência causada contra os seres humanos necessita de uma medida muito simples, aplicação do código civil.

Meu questionamento é querer encontrar uma saída para discutir as nuances intrínsecas as relações de gênero e sua interface com as políticas públicas. Sei que o desafio é novo para muito, mas, para quem é vítima dele é um sonho secular.

Para saber mais...

Princípios de Yogyakarta – Discussão Mundial sobre a abordagem das questões de gênero e orientação sexual pelos governos ao redor do mundo.

http://www.clam.org.br/pdf/principios_de_yogyakarta.pdf

19/01/2011

Desafios,

Duas mulheres se enfrentam em uma batalha acirrada para a Presidência de um país, que outrora perseguiu e oprimiu pessoas com sua ditadura militar, serviu de exemplo ao mundo como o “país da crise econômica” e ainda elegeu um “analfabeto” a condução do titã sul-americano.

Parece muita informação, para ser tema na agenda de debates da sociedade brasileira, ainda viciada em assistir o reality show onde o grande irmão é de fato um sacana e o amor é subjetivado e escondido debaixo de um edredom. Não, eu afirmo, a quebra de paradigmas é o grande irmão de nosso progresso.

Não discuto apenas as relações de gênero que a irradiante candidata vermelha e sua peleja com a ex-companheira, agora trajando o verde (que ficou muito elegante por sinal) ajudaram a quebrar. Minha inquietação está no que cada grupo representa e nos valores que cada uma personificava naquele momento.

Há bem pouco tempo a bola da vez era o pré-sal, onde está ele agora? Quem discute?

A Amazônia e seus problemas históricos de ocupação mais uma vez foram adormecidos, a nova pauta é saber que surpresas o nordeste reserva a nossa pátria mãe gentil. O capitalismo não é novidade, assim como as inúmeras formas de violação de direitos que nosso país assiste em silêncio.

O twitter e seus escândalos com a xenofobia, com a homofobia e outras fobias que assolam nossos brasilianos, retrato das redes sociais ainda em ebulição. Estas nos trarão surpresas desagradáveis ou não, contudo uma boa prova que nosso país ainda é desunificado, provinciano eu diria.

Pergunto-me, quais desafios estão por vir? Temos agora a chance de crescer no debate sobre o Brasil que queremos, e que podemos juntos construir. A ascensão do nordeste é mérito do homem cuja sabedoria nenhuma academia poderia projetar, fruto talvez do amadurecimento de uma classe social esquecida e retratada na pele do cabra-da-peste que resignificou a expressão do “ser brasileiro”.

O desafio de vencer após a glória de um “mito vermelho” é ainda maior. Temos uma Presidenta, mas, ainda muitas dívidas históricas com camadas da população ainda fragilizadas pelas falta de educação e políticas de inclusão reais.

Não sei quantas bolsas ou planos serão necessários para redesenhar este país, com o sonho de igualdade que motivou a vitória nas urnas. Não sei quantos escândalos irão virar notícia até as novas eleições, mas espero assistir de perto esta reforma.

Acredito na indicação que nos foi dada pelo maior líder de nossa história, mas, o trabalho é a maior prova de dignidade e reconhecimento que nossa “mãe” pode nos dar. Temos o verde que ainda permanece vivo no debate e na militância, a nossa “Tia”.

Não acredito que ofensas e trocas de farpas ajudem nosso Brasil tão nobre e hoje digno a crescer. O debate nivelado e com foco no bem-estar são minha bandeira de luta.

Acredito no controle social e na preservação do debate com a seriedade que nos trará a consolidação de um Brasil mais justo. Não acredito em cores, mas, na beleza da combinação entre elas.

Quem aceita o desafio de acompanhar nossa pátria crescer? Aqui estou querendo ver onde vai dar essa caminhada rumo à arrumação da casa.

Beleza,

A construção do conceito de beleza e sua função social me parecem um tanto quanto controversas. A construção que serve ao mundo exterior pode custar muito caro ao intimo de cada um, sobretudo se ela exige sacrifício, contudo ela ainda pode ser inatingível.

Guiados pelo senso comum, olhos, cabelos, dentes, estrutura corporal e uma infinidade de outros motivos são alvo de constantes “adaptações” necessárias para atrair a atenção alheia. O ego é como o motor de um carro em movimento, necessita ser alimentado constantemente, desse modo, fazer-se notar é uma necessidade e um apelo à interação social.

Preocupa-me saber que a beleza em sua estrutura funcional, não seja acessível a todos e todas, de acordo com a gama de opções e custos que esse processo traz. Vejo o tema como uma preocupação recorrente que serve para delinear ainda mais as diferenças sociais.

A beleza que cada um almeja, faz surgir uma modelagem de corpos, adaptações estéticas e o alinhamento com as chamadas tendências de moda. Tento compreender o que seria da moda se esta se perpetuasse como uma verdade construtora das máximas intelectuais.

Gostaria de ler uma divagação de Platão sobre o uso da roupa de marca, a defesa de Aristóteles em prol do uso dos silicones e quem sabe Sócrates apoiando a cirurgia plástica. Parece-me que a pauta não se sustenta quando o tema é discutir a origem de tudo e sua causa e efeito.

Analisar a natureza humana na perspectiva da seleção natural já me parece difícil e ainda estabelecer uma conexão entre o belo e o feio, isso sim é pura injustiça. Já temos motivos demais para justificar nossas diferenças, minha preocupação é saber o que nos une.

A beleza de fato é uma construção da cultura onde estamos imersos, corpos e performances são reflexos do que conseguimos sintetizar em nossas verdades existenciais. Os valores que cada um agrega o diferenciam da massa, e como prega a indústria da cultura, o diferente é ser igual.

O discurso que nos motiva a ingressar na busca incessante pela beleza é o mesmo que nos coloca frente a frente com nossas insatisfações, medos e sem dúvida desencadeia a infelicidade. Preocupar-se com a opinião alheia é uma demonstração de nossa fragilidade.

Prefiro enxergar o universo particular de cada pessoa que cruza o meu caminho, assim consigo sentir a emoção de partilhar aquilo que não é comum aos olhos alheios. Sinto-me um desbravador de gente, deixo a dica para quem quer agregar pessoas ao longo da vida.

18/01/2011

Madrugada,

Por um motivo cada vez mais óbvio, as pessoas passam a se comunicar, os horários se estendem e parecem não denunciar as tarefas sociais de cada um. A madrugada tornou-se a fiel cúmplice de quem se vê solitário e muitas vezes vítima da timidez ou da forte opressão do que cada um representa ou pensa representar socialmente.

A internet, e sua imensidão de assuntos, cores, temas, sítios, novidades e sabe-se lá o que vem por aí a cada segundo... convida a todos para vagar e interagir mundo a fora. O desejo, a curiosidade, a solidão, a cumplicidade e o anonimato são pretextos para se conectar a este universo.

As famosas redes sociais e seu poder agregador são hoje a maior motivação para quem deseja se interar da agenda planetária. O fato é que esses canais de escoamento de informação e aproximação de pessoas possibilitam a transposição de regras com liberdade e auxilio a criatividade, atributos cada vez mais comuns aos usuários.

O que diria o capitalismo arcaico que dependia apenas da produção manual, se tivesse que dividir o aproveitamento de seus operários com a internet? O que teriam feito os exilados políticos do Brasil se houvesse o e-mail ou os sites de compartilhamento?

Minha mente criativa nesta madrugada se colocou a pensar... Quais revoluções a tecnologia poderia auxiliar se tivéssemos a chance de compartilhá-la desde antes. Fiquei a imaginar o que teria feito Chico Buarque se pudesse colocar suas músicas disponíveis na internet, no período da ditadura. Como seriam as campanhas políticas anteriores, como elas poderiam ter ajudado Lula no início de sua jornada.

Na madrugada pessoas como eu e outros milhões paramos e conseguimos rever o mundo fora do ritmo veloz do produzir, produzir e produzir. Comunicativos por natureza somos todos nós, sedentos pelo conhecimento e motivados pela curiosidade, sempre inquietos e insatisfeitos.

O progresso nasceu sem dúvida da inquietação de homens e mulheres em madrugadas solitárias que contribuíram com o mundo através de seus projetos e visões de mundo. Coloco-me nesse momento na pele de quem acredita no bem coletivo e pensa em como melhorar a vida de um grupo de pessoas ou até mesmo de toda a humanidade.

Acredito que todos nós podemos contribuir de alguma forma com a revolução e o progresso desta geração. Nossa maior revolução ainda é compreender a magnitude de quem somos em meio ao universo.

Sei que ainda virão muitas madrugadas, um dia e com muita satisfação acharei uma forma de ajudar as pessoas. Hoje minha busca é pela compreensão de como utilizar a internet como ferramenta para promoção de idéias saudáveis.

Saudações,

Mais um no meio da multidão que encontra no blog uma forma de compartilhar pensamentos e impressões da vida. O anonimato e a exposição como fiéis paradoxos ainda me intrigam, contudo espero contribuir com a blogosfera e não passar em vão por esta existência online.