21/02/2011


Valores,


O dia clareou, o galo cantou, quem trabalha já está pronto pra seguir sua rotina. O mundo sempre espera mais um sol, mais uma lua, mais e mais de tudo que puder vir.

De geração em geração, século após século, retiramos de forma desregrada, todos os benefícios naturais que pudemos encontrar em nosso planeta mãe. A água que era doce, o fruto que era fresco, a semente que nascia e tudo o que mais pudermos atribuir à natureza.

Parece-me que este reinado de soberania dos seres humanos está em vias de acabar, ao menos de ter essa dinâmica alterada. O que chamamos de crise ambiental, na verdade é o reflexo de uma crise identitária, crise de uma humanidade sedenta pelo progresso.

O advento do lucro, invenção inovadora do capitalismo, possibilitou o aumento da população, era preciso lucrar, para isso era necessário produzir. E produzimos, tanto que foi criado o excedente de produção.

A cultura, berço de nossas raízes fundamentais e existenciais, serve como eixo para nos dar referencia no meio em que vivemos, serve para nos diferenciar e oportunamente também para nos agrupar em semelhanças.

Aos mais “sábios”, pensadores e engenheiros do poder de existir, são atribuídos os rumos que cada cultura dá a seus atores, o poder e os costumes, outrora criados pela observação do mundo agora seguem uma indústria.

A indústria da cultura não cuida do conhecimento milenar de nossos ancestrais, mas, do sentimento de pertencer ao presente. O mundo não pára, o poder está no que você usa, no que você consome, no que você carrega consigo.

Cabe aos cidadãos e cidadãs o mérito de possuir e a escolha por manter ou descartar. Somos nesse momento vítimas do consumo desenfreado.

Nossos valores cabem nos traços de uma etiqueta, do que chamamos de “marca”. O que usamos chega até nós por um motivo, todos nós desejamos pertencer ao mundo das pessoas notórias, das ditas especiais.

Para manter o nosso gosto, nosso poder de ser “especial” o planeta paga um dívida que não é sua. Nesse momento o tênis importado que alguém na rua usa, pode ter sido fabricado por um grupo de crianças anônimas de um país da Ásia.

Ela certamente não sente o mesmo prazer de usar a roupa de “marca” que ela fabrica. Creio que ela nem saiba o valor conceitual do isto representa.
O que de fato devemos criticar é a necessidade que nossa geração tem por manter conceitos primitivos ainda em voga. Existe uma reforma que a revolução mundial necessita, esta é dolorosa e deve acontecer no íntimo de cada um.

Os valores que cada um carrega, serve como termômetro para a existência do coletivo. A revolução contra o fim dos tempos está na necessidade de ser ou não um mecanismo de manipulação de uma ordem desigual.

A felicidade é um sentimento abstrato, muda conforme a situação a que cada ser está exposto, mas, sabemos que a infelicidade é uma construção que podemos evitar. Devemos repensar nossos valores e adotar práticas que redirecionem nossa passagem por este planeta.

Podemos começar pelo consumo de bens e materiais que não coloquem o meio ambiente em risco, podemos ainda saber a origem real do que consumimos e ainda escolher o fim daquilo que resolvemos descartar.

Reflita em nome de uma causa maior que a da beleza e do ego... escolha o bem comum.










Um comentário:

  1. Um exemplo desse consumismo desenfreado que você menciona é a constante troca de aparelhos celulares, conheço pessoas que chegam a ter 3 diferentes por ano e quando trocam simplesmente jogam o antigam no lixo, sem pensar no impacto que os componentes químicos e metálicos vão ter no meio ambiente. O mesmo pode ser dito com relação a PCs, Notebooks, TVs, Videogames e MP3 Players.

    Na verdade alguns desses produtos, especialmente os MP3 Players, já são fabricados com um tempo de vida útil curta em mente, dificilmente um aparelho desse dura mais que 2 anos e quando quebra sai mais em conta comprar um novo que consertar o antigo, dando continuidade ao ciclo de consumo e aumentando o lixi eletrônico.

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